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A diminuição da população de baleias

O início do século 20 marcou o início da rápida redução no número de baleias. Os caçadores pareciam acreditar que os oceanos ofereciam uma oferta ilimitada de diferentes espécies de baleias. Em 1904, Carl Anton Larsen, da Noruega, deu início à primeira operação de caça às baleias na Antártida, numa ilha ao sul do Oceano Atlântico. Não demorou muito para que o número de baleias mortas aumentasse:

– 1904: 184 baleias foram mortas na ilha do Atlântico Sul da Geórgia do Sul. Dentro de 10 anos, 1.738 baleias azuis, 4.776 baleais-fin e 21.894 baleias jubarte foram mortas nessa mesma área.

– 1927: 13.775 baleias foram mortas na Antártida durante a temporada de caça às baleias.

– 1929 – o número praticamente triplicou para 40.201.

– 1931: 37.438 baleias azuis foram mortas nos Oceanos do Sul.

– 1937: mais de 45 mil baleias foram mortas na Antártida. Este foi o maior número já registrado até então.

[fonte: Kline]

caça às baleias
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Baleeiro

Quando a população de baleias abandonava determinada área, os caçadores mudavam para outras regiões em busca de mais espécies. A diminuição do número de baleias francas e baleias cinzentas no Pacífico Norte, assim como as baleias bowheads e francas no Atlântico Norte, forçou os caçadores a viajar para encontrar outras espécies. Eles buscaram por baleias no Pólo Norte, no Caribe e no Pacífico Sul [fonte: Kline]. Mas a grande maioria das caças ocorreu na Antártida.

Em 1925, os britânicos construíram os primeiros “navios-fábrica”. Os homens podiam processar as baleias ali mesmo nos navios e viver na água por meses. Esses novos navios também forneciam uma boa “cobertura” aos caçadores. Uma vez que ficavam em mar aberto e não em um país específico, eles também não precisavam obedecer a qualquer regra no que diz respeito ao tamanho ou espécie da baleia que viesse a ser capturada.

A possibilidade de extinção forçou os países a tomarem conhecimento. Muitas baleias estavam morrendo e as pessoas estavam começando a se preocupar. Sessenta anos após o lançamento do primeiro navio baleeiro de fábrica, mais de 2 milhões de baleias haviam sido mortas no Hemisfério Sul [fonte: Clapham e Baker]. Todas as nações concordaram que algo precisava ser feito antes que toda a população de baleias fosse exterminada. Vamos ver como os países se uniram para resolver esse problema.


A luta para regulamentar a caça comercial às baleias

Quando os países – até mesmo aqueles que caçavam baleias – começaram a se preocupar com os efeitos da caça comercial às baleias, era hora de tomar alguma ação. A Liga das Nações se uniu à Convenção de Genebra para criar a Regulação da Atividade Baleeira. Em 1931, 26 países, incluindo a Noruega, Grã-Bretanha e os Estados Unidos, assinaram a convenção para evitar a extinção das baleias. O objetivo era claro: tomar decisões sobre a indústria baleeira.

Nem todo mundo estava junto nessa. Alemanha, Japão e Rússia se recusaram a assinar o acordo. Outros países acharam que a convenção não iria longe – era como colocar um band-aid em uma ferida de bala. Mas era um começo.

baleia
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Em 1936 foi assinado em Londres o Acordo Internacional para Regulação da Atividade Baleeira. Esse acordo estabeleceu temporadas para caça às baleias na Antártida e proibiu os caçadores de capturarem determinadas espécies ameaçadas. Mais uma vez o Japão se recusou a assinar o acordo. E na temporada de caça seguinte, 46.039 baleias foram mortas na Antártida – maior número já registrado [fonte: Kline].

 

Caça às baleias no Brasil

Nos 7.408 km da costa brasileira já foram encontradas oito espécies de baleias: baleia-franca-do-sul, baleia-azul, baleia-fin, baleia-sei, baleia-de-bryde, baleia-minke-antártica, baleia-minke-anã e baleia jubarte. Porém, é possível que algumas espécies já tenham sido extintas por aqui, já que a caça às baleias chegou a ser uma atividade “preciosa” durante muito tempo em nossos mares.

A caça às baleias teve início no Brasil em 1602, na Bahia, alastrando-se rapidamente por todo o país e tornando-se um monopólio da coroa portuguesa. Entre 1904 e 1985 estima-se que mais de 20 mil baleias foram capturadas e mortas na costa brasileira.

O Brasil tornou-se membro da Comissão Baleeira Internacional (organização criada em 1946) em 1974. No dia 18 de setembro de 1987 foi sancionada a Lei Federal 7.643 que proíbe a caça e qualquer outra forma de molestamento intencional aos cetáceos em águas juridiscionais brasileiras garantindo o fim da caça comercial de baleias em nossos mares.

No entanto, o Brasil foi o último país da América do Sul a abandonar a caça. E, apesar de protegidas, cinco espécies de baleias estão na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção: baleia-franca-do-sul, baleia azul, baleia-fin, baleia-sei e a baleia jubarte.

(fonte- Instituto Ecológico Aqualung)

Os acordos anteriores não estavam funcionando, então foi criada a Convenção Internacional para Regulação da Atividade Baleeira em 1946. Essa comissão tinha como tarefa básica determinar o futuro das baleias. Ela impediu que os caçadores fossem em busca de baleias azuis e cinzentas, estabeleceu cotas para o número de baleias que cada país poderia caçar e designou áreas e períodos do ano em que as baleias poderiam ser caçadas. Mas criar as regras era muito mais fácil do que fazê-las valer. Muitas baleias continuaram a ser mortas.

Em 1982, a Comissão Baleeira Internacional votou para banir definitivamente a caça comercial às baleias com início para 1986. Novamente, alguns países como Japão, Noruega e Rússia não concordaram. A Rússia, no entanto, acabou por deixar o comércio de baleias [fonte: Clapham and Baker]. A organização Greenpeace, enalteceu a moratória de caça comercial às baleias – “uma das maiores conquistas ambientais do século 21”.  A organização acredita também que quando as pessoas descobrem que seu país está caçando baleias, não gostam disso e passam a pressionar o governo” [fonte: Kline].

Oito anos depois do início da moratória, a Comissão Baleeira Internacional estabeleceu o Santuário de Baleias do Oceano Austral – água que circunda a Antártida – onde as baleias não podem ser mortas. No entanto, isso não impediu que países como a Islândia, Japão e Noruega continuassem a caçar baleias por lá. Muitos acusam o Japão de burlar a regra ao caçar baleias dentro do santuário sob o pretexto de “pesquisa científica e cultural” – algo permitido pela Comissão.

A Noruega e a Islândia se recusam a obedecer a moratória. Ativistas argumentam que muitas baleias ainda estão morrendo. Na verdade, a World Wildlife Fund estima que mais de 31 mil baleias foram mortas depois que a Comissão Internacional proibiu a caça comercial há mais de 20 anos. A próxima página nos mostra como a luta para acabar com a caça às baleias continua até hoje.